Cumbuca Bares e Butecos de Campinas

As mulheres vêm aumentando sua presença nos espaços públicos e privados. No boteco não é diferente. Percebe-se que a mulher está cada vez mais frequentando esses ambientes e, inclusive, superando o público masculino nas idas aos bares. Isso mostra o quanto a mulher vem se mostrando mais bem resolvida, independente e fortalecida na atualidade. Por outro lado, talvez por reflexo desse novo paradigma, muitos homens, acuados, não aceitam a presença feminina nesses espaços tidos como “masculinos” pelo patriarcado. Digo isso, pois, vários são os casos recorrentes que ouvimos e presenciamos diariamente sobre cultura do estupro e atitudes machistas em bares (e outros locais).

Recentemente inclusive foi disseminado nas redes sociais um caso de uma menina e seu grupo de amigas em um bar na Vila Madalena em São Paulo, em que ela foi vítima de machismo, claramente assediada, agredida verbal e fisicamente por um indivíduo que acreditou que estava no seu direito de “macho” de ser desrespeitoso e invasivo, se sentar na mesa das meninas sem ser convidado, se servir da sua cerveja e começar a importuná-las. Ao perceber a recusa, o indivíduo apertou fortemente o braço da menina, o suficiente para deixar marcas roxas, fora os xingamentos de baixo calão que ele e seu amigo proferiram.

Isso tudo pelo simples fato delas se recusarem a manter uma conversação ou dar abertura para um completo desconhecido. Diante da situação, elas pediram ajuda aos garçons e gerente do bar que disseram que os agressores eram clientes do bar há 10 anos e que nada poderiam fazer a respeito. Para completar, quem foi expulsa do bar foi a vítima e suas amigas e não os assediadores. Com a chegada da polícia depois também nenhuma medida foi tomada. Cliente e policiais se cumprimentaram de forma íntima e ainda se permitiram dar risada de toda situação como se tudo aquilo não passasse de histeria e exagero por parte das meninas. Situação parecida aconteceu com uma amiga minha em um bar de Campinas.

Bom, o que eu quero dizer é que enquanto acharmos que esse tratamento misógino é apenas “exagero”, “histeria”, esse tipo de comportamento será reproduzido repetidas vezes nos botecos e nos mais diferentes ambientes frequentados por mulheres. Não podemos nos calar. Já passou da hora das pessoas se ligarem que as mulheres devem ser tratadas com respeito e igualdade. Apesar de muitos avanços em relação ao direito da mulher, percebem-se muitos comportamentos velados que continuam intrínsecos e enraizados na sociedade, o que torna ainda mais difícil desconstruí-los.

O problema maior é perceber que o erro não é apenas do agressor/assediador, mas de todos que os apoiam ou se isentam de opinião, seja os espaços privados como os bares, seja a polícia, seja as pessoas que não fazem nada a respeito (pois ficar calado é ser conivente com a situação). Se todas pudessem vociferar sua indignação, ser levadas à sério e realmente ouvidas, aí sim alguma coisa poderia ser feita a respeito, mas evidentemente isso ainda tem muito a melhorar.

Espero que, nesse dia das mulheres possamos sim nos orgulhar de tudo que conquistamos em todos esses anos, dos avanços e lutas, mas também que fique a reflexão do longo caminho que ainda falta ser percorrido para uma mudança efetiva de comportamento e, principalmente, julgamentos sobre o que é ser mulher.

Feliz Dias das Mulheres! #respeitaasmina

 


 

Andrea Nuñez,  jornalista (saiba mais sobre a autora do artigo no QUEM FAZ)

Estréia como colaboradora do Cumbuca no Dia da Mulher!

 

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